sexta-feira, 13 de abril de 2012

A filosofia do "Humanismo Integral"de Jacques Maritain frente à descontrução do pensamento contemporâneo


O movimento da contra cultura de Herbert Marcuse e outros, no seu momento histórico, foi de grande importância para a sociedade de então, dado a crítica mordaz que o movimento desencadeava contra uma Absolutizada do capital em si, em detrimento da pessoa e de uma coesão social baseada em valores, cuja origem deveria ser as virtudes como os pressupostos de revitalização da sociedade. O impacto transformador nas décadas dos anos 50 e 60 se desviaram da trajetória de mudanças profundas que, em princípio, era positivo. Logo, inicia a desconstrução da cultura vigente, para uma anarquia social, política, econômica e religiosa, com a invasão e importação de seitas norte-americanas para atingir um âmago das culturas latino-americanas: a fé. Isso acelerou o novo projeto de desconstrução que desestabilizaria para sempre o fluir das diversas comunidades. Esse processo, até nossos dias, nunca mais conseguiu fazer os povos latino-americanos encontrar suas identidades e valores, pois, o que restou, o fenômeno da globalização se encarregou de desmantelar. Os primeiros pilares a serem atingidos foram à família, a religião, via meios de comunicação social, a mudança radical na educação escolar e universitária, com a valorização dos cursos de natureza técnica, sem grandes preocupações na formação integral das pessoas e das futuras gerações. Surgem robôs humanos, que no processo educacional foram adestrados para executar tarefas e não a pensar. Pensar é considerado, ainda hoje, artigo de luxo, para desocupados, o que nos torna massa de manobra.

O ABSURDO DO HOMEM CONTEMPORÂNEO EM COLOCAR-SE COMO O CONSTRUTOR DO PRÓPRIO DESTINO

A consequência prática ao homem em ser o articulador do próprio destino, são sequelas de perda do sentido último do ser humano, na desconstrução da atual civilização, pois a mesma, depois de ser envenenada pelas inúmeras ideologias do século passado, hoje, encontra dificuldade em reencontrar o fio condutor que ruma a uma história humana com sentido. Sem um fundamento real e transcendente no desenvolvimento integral do homem e seu mundo, é impossível a pessoa encontrar realização própria, do outro e do mundo. Jacques Maritain (1882-1973) foi um jovem materialista que após uma profunda crise de sentido se converteu à fé cristã e surpreendeu o mundo cristão da época. Entre as obras de Maritain, se destacam o “Humanismo Integral”, publicado em 1936, o “Cristianismo e Democracia”, publicado em 1943, e, em 1951, publicou nos Estados Unidos, “O Homem e o Estado”; todas trazem uma concepção de conteúdo político de grande relevância, que nos pode ajudar ainda hoje a refletir sobre a realidade que vivenciamos nesse momento crucial da história contemporânea. O pensamento de Maritain se funda na adesão à tradição filosófica aristotélico-tomista, assumindo uma postura crítica a toda cultura moderna, sustentando que nessa, falta uma base sólida onde por seus fundamentos. Diz Maritain: “a razão pela razão é impotente para assegurar a unidade espiritual da humanidade” (PRIETO, Fernando. Manual de Historia de las Teorías Políticas. Union Editorial. p.886. Madrid: 1996). Com certeza, ele deixa claro que o conceito antropológico no qual se baseia seu pensamento tem influência do personalismo de Mounier, ou seja, o homem no seu tripé: cognitivo, biológico e espiritual. É interessante perceber que Maritain influenciado pelo tomismo, defende um cristianismo no qual o mesmo deve assumir tudo o que é humano e socialmente significativo para complementá-lo com a participação de valores superiores. É necessário superar os humanismos antropocêntricos sustentados por ideologias liberais, marxistas e imanentes que colocam o homem como criador exclusivo do próprio destino. O resultado dessa postura, a história já provou que seu fim sempre é o fracasso.

URGE SUPERAR IDEOLOGIAS QUE ENDEUSAM O HOMEM COMO CRIADOR DE SI MESMO, POIS, ESSAS, JÁ NASCEM MORTAS.

A Encíclica “Caritas in Veritate” é muito coerente com o pensamento de autores cristãos que na atualidade, parecem esquecidos e com os quais, as novas gerações precisam entrar em contato, para terem uma visão de mundo muito mais sólida, desconfiando dos modismos que carecem de fundamentação filosófica, teológica, histórica para construir uma história que contemple todas as dimensões da sociedade. A formação educacional para o mercado de trabalho, com exclusividade, nega um dos aspectos mais dignificantes do ser humano, ou seja, o pensar. Cito Tomás de Aquino que refletiu a tensão pessoa x sociedade: “O homem tem um destino social, mas por sua natureza espiritual é uma realidade que ultrapassa sua ordenação à sociedade. A primeira parte desta complexa afirmação dá lugar a uma rica ética comunitária. Contudo, não se esgota nela o destino da pessoa; o cristianismo tem que defender um princípio que transcende a pessoa, e respeito a todas as instituições sociais inseridas na temporalidade, incluindo a política”. A liberdade que os modismos cultivam na atualidade são caricaturas da verdadeira liberdade e da realização humana. As crises de natureza política, social, econômica não terão solução enquanto os diversos setores da sociedade, não retomar com determinação valores e as virtudes que sejam capazes de estancar a sangria da desconstrução de uma sociedade fragmentada. O que as gerações do futuro podem esperar de um mundo cujos valores carecem de sustentação? Sente-se no ar algo que nós não temos resposta! O medo é uma constante na atualidade! Pense e reflita!

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